Encaminhamos, e agora?

Uma análise da medicalização em uma escola de ensino fundamental brasileira

Autores

  • Maria Carolina da Silva Caldeira Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva e Diversidade (NEPED) do Centro Pedagógico da Escola de Educação Básica e Profissional da Universidade Federal de Minas Gerais (CP/UFMG), Belo Horizonte, Brasil
  • Camila Camilozzi Alves Costa de Albuquerque Araújo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva e Diversidade (NEPED) do Centro Pedagógico da Escola de Educação Básica e Profissional da Universidade Federal de Minas Gerais (CP/UFMG), Belo Horizonte, Brasil
  • Ana Luíza Alves Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva e Diversidade (NEPED) do Centro Pedagógico da Escola de Educação Básica e Profissional da Universidade Federal de Minas Gerais (CP/UFMG), Belo Horizonte, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.24840/esc.vi60.363

Palavras-chave:

medicalização, ensino fundamental, educação especial, necessidades educacionais especiais

Resumo

Como as recomendações e prescrições dos profissionais da área da saúde chegam até uma escola de ensino fundamental brasileira e o que essas informações apontam sobre a medicalização no espaço escolar? É em torno dessas questões que este artigo se organiza. Utilizando como metodologia a análise documental, buscou-se investigar quais são os encaminhamentos e os relatórios produzidos por uma escola pública de Ensino Fundamental, pertencente à rede de Colégios de Aplicação, no Brasil, e que tensões a escola vivencia na relação com os profissionais externos. Em termos gerais, os resultados evidenciam um processo de medicalização se consolidando na escola, conforme apontam as análises das prescrições de medicamentos, as áreas para as quais são feitos os encaminhamentos e as recomendações dos profissionais de saúde feitas à escola. Observa-se também que há tensões em torno da medicalização, o que se materializa pelas dúvidas que os diagnósticos suscitam, nomeadamente quanto às indicações de ordem pedagógica que tentam dizer à escola o que é correto ou não em relação aos/às estudantes-pacientes e pelos efeitos da medicação sobre os/as estudantes, ao mesmo tempo em que há, em alguns casos, uma resistência das famílias em recorrer a esses/as profissionais.

 

Recebido: 16/07/2020
Aceite: 2/12/2020

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Biografias Autor

Maria Carolina da Silva Caldeira, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva e Diversidade (NEPED) do Centro Pedagógico da Escola de Educação Básica e Profissional da Universidade Federal de Minas Gerais (CP/UFMG), Belo Horizonte, Brasil

Professora do Centro Pedagógico da Escola de Educação Básica e Profissional da Universidade Federal de Minas Gerais (CP/UFMG) e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da UFMG. Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da UFMG. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva e Diversidade (NEPED) do CP/UFMG.

Camila Camilozzi Alves Costa de Albuquerque Araújo , Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva e Diversidade (NEPED) do Centro Pedagógico da Escola de Educação Básica e Profissional da Universidade Federal de Minas Gerais (CP/UFMG), Belo Horizonte, Brasil

Mestre em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro.  Pedagoga do Centro Pedagógico da Escola de Educação Básica e Profissional da UFMG. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Educação Inclusiva e Diversidade - NEPED (NEPED/CP/UFMG).

Ana Luíza Alves, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Inclusiva e Diversidade (NEPED) do Centro Pedagógico da Escola de Educação Básica e Profissional da Universidade Federal de Minas Gerais (CP/UFMG), Belo Horizonte, Brasil

Estudante de Graduação em Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais. Bolsista de Iniciação Científica do NEPED/CP/UFMG

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Publicado

2021-12-16

Como Citar

Caldeira, M. C. da S. ., Araújo , C. C. A. C. de A., & Alves, A. L. . (2021). Encaminhamos, e agora? : Uma análise da medicalização em uma escola de ensino fundamental brasileira. Educação, Sociedade & Culturas, (60). https://doi.org/10.24840/esc.vi60.363

Edição

Secção

ARTIGOS