As dinâmicas globais do ensino superior, a contra-narrativa africana e o caso de Moçambique

Resumo

O presente artigo tem como principais objetivos, por um lado, apresentar o quadro evolutivo do ensino superior à escala global e, por outro, refletir sobre como os  países africanos têm reagido a essas dinâmicas globais, com especial ênfase para a realidade moçambicana. Metodologicamente, fez‑se uma revisão bibliográfica sobre as transformações no ensino superior no mundo, no contexto africano e em Moçambique, através da análise de fontes secundárias e do seu cruzamento
com fontes primárias previamente selecionadas. Como principais constatações do estudo, destacam‑se, por um lado, que os padrões de funcionamento e de crescimento do ensino superior têm estado a ser decisivamente moldados pelo seu processo de internacionalização e que, por outro lado, a sobrevivência e a afirmação das universidades tende a ser medida em função da forma como elas
reagem aos ditames das dinâmicas globais, estando em melhor posição aquelas que apostarem no mercado global de estudantes, conhecimento, tecnologias e cultura. No entanto, assume‑se também que as universidades dos países em desenvolvimento1, em particular as da África subsariana, têm uma lógica estruturante e de funcionamento relativamente diferente, não se enquadrando na lógica global de internacionalização.