Visões de estudantes universitários/as negros/as acerca da ciência e tecnologia, no contexto da educação das relações étnico-raciais

Resumo

Este artigo se insere em um estudo que pretende investigar formas de superar desigualdades na formação profissional superior. Jovens universitários/as negros/as oriundos de carreiras científicas e tecnológicas participaram, em uma universidade estadual de São Paulo-Brasil, de um curso formativo sobre relações étnico-raciais para investigar como se atribuem significados à noção de Ciência e Tecnologia (C&T) ao planejar e desenvolver uma intervenção educativa em um cursinho pré-vestibular popular. Seus diários reflexivos foram os documentos de análise e permitiram aprofundar a discussão teórico-metodológica acerca da alterização e sua relação com as desigualdades sociais. A história silenciada ou apagada de africanos/as e afrodescendentes foi identificada como um importante aspecto constitutivo da ciência e da tecnologia a ser superado. Essa ausência teve forte impacto na produção de identidades e pertencimentos dos/as jovens negros/as na vida social contemporânea. Sua presença e seus apontamentos e questionamentos em campo problematizaram a área de ciências exatas e tecnologia, a escola e o ensino superior. Sua condição minoritária no campo C&T, aqui compreendida como impulso de transformação, possibilitou mudanças e pensamentos na direção de outras e novas subjetividades.