A construção intersetorial do cuidado em saúde mental infantojuvenil O fazer rede na perspectiva da Atenção Psicossocial
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Resumo
Este artigo decorre da pesquisa desenvolvida durante o Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Objetivou analisar as percepções dos/as profissionais de saúde, educadores/as e usuários/as sobre o tema do cuidado em saúde mental infantojuvenil no território de abrangência de um Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência no município de Porto Alegre-Brasil. Tratou-se de um estudo descritivo exploratório com abordagem qualitativa, no qual a técnica utilizada foi analítica hermenêutica fenomenológica. A população foi composta por profissionais da saúde, da educação e familiares, totalizando nove entrevistas. Foi realizada coleta múltipla de dados a partir de entrevista semiestruturada, composta por cinco perguntas abertas, observação participante e análise documental. Os dados foram analisados a partir do fluxograma para análise fenomenológica do discurso em Paul Ricoeur e do referencial teórico complementar. Os temas que emergiram foram organizados em quatro categorias: uma rede tecida pelos afetos; uma rede e seus nós; uma rede de jogos de palavras; uma rede (in)visível. Como conclusão, constatamos essencialmente as fragilidades das relações internas e institucionais no trabalho intersetorial, a presença da estigmatização dos sujeitos com transtornos mentais e familiares, a intensidade do cuidado na perspectiva psicossocial e a apresentação de um território criado a partir da subjetividade dos/as participantes.
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