Educação, cidadania e intergeracionalidade: avós e netos na literatura para a infância
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Resumo
Atualmente, ganha relevância repensar as relações intergeracionais acolhidas através do texto literário, em múltiplos contextos educativos. A literatura para a infância, mormente o livro-álbum contemporâneo, faculta esteios que promovem essa reflexão. Nesse sentido, este artigo, tendo como matéria-prima A ilha do avô (Davies, 2017) e À procura de ontem (Jay, 2020), é guiado pelos seguintes objetivos: i) indagar modos de representação das relações intergeracionais e suas repercussões na criação de laços de empatia com os leitores; ii) refletir sobre o modo como estes livros-álbum alimentam as dimensões multifacetadas da educação para a cidadania como meio de acolhimento do Outro, através de caminhos inesperados; iii) compreender o papel desempenhado pelos avós relativamente às relações estabelecidas com os seus netos e os modos como essas viagens partilhadas podem reverberar no percurso de aprendizagem de ambos. O enquadramento teórico deste artigo centra-se no papel atual da literatura para a infância na Educação, considerando a Estratégia nacional de educação para a cidadania (Ministério da Educação, 2017), em articulação com o Referencial de educação para o desenvolvimento - educação pré-escolar, ensino básico e ensino secundário (Torres el al., 2016). Conclui-se que a relação feliz com os avós e harmonia daí resultante instiga aprendizagens mútuas, cumplicidade e empatia que alimentam a liberdade de sonhar - encarada como morada perene de relações intergeracionais, ligadas por itinerários de ternura que conciliam o texto literário com valores intemporais, no âmbito da educação para a cidadania.