“A gente é ousada!”

Trajetórias atípicas de mulheres na educação superior brasileira

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24840/esc.vi66.497

Palavras-chave:

ações afirmativas, educação superior, gênero, interseccionalidade, origem social

Resumo

A entrada de estudantes de origem popular nas universidades públicas brasileiras mudou o panorama da educação superior no país e tornou necessário investigar não apenas a evolução das políticas desse nível de ensino mas, também, como e em que condições estes/as estudantes realizam seus percursos acadêmicos. Neste texto, analisamos trajetórias de bom desempenho escolar de estudantes do sexo feminino que ingressaram na educação superior através de ações afirmativas. Numa perspectiva interdisciplinar, são debatidos eixos de dominação – gênero, raça e origem social –, sendo, por isso, também discutido o conceito de interseccionalidade, que é útil para pensarmos as universidades, locais onde se perpetuam discriminações de ordens distintas. Esta investigação teve delineamento qualitativo, pautado em estudo de casos a partir de entrevistas com estudantes de diferentes áreas de conhecimento. A análise dos resultados indica que as universitárias são desafiadas pelo contexto acadêmico tradicional por serem mulheres, negras e pobres, e ressalta a atualidade e pertinência do debate de questões que envolvem a elaboração e a implementação de políticas capazes de responder às demandas que se apresentam na realidade contemporânea do ensino superior.

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Biografias Autor

Jacira da Silva Barbosa, Observatório da Vida Estudantil - Universidade Federal da Bahia

Doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano

Sonia Maria Rocha Sampaio, Universidade Federal da Bahia

Doutora em Educação

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Publicado

2023-12-05

Como Citar

Barbosa, J. da S., & Sampaio, S. M. R. (2023). “A gente é ousada!”: Trajetórias atípicas de mulheres na educação superior brasileira. Educação, Sociedade & Culturas, (66), 1–23. https://doi.org/10.24840/esc.vi66.497

Edição

Secção

ARTIGOS