Contribuições dos movimentos sociais para revigorar a universidade pública

A potencialização da subjetividade política

Autores

  • Claudete Lampert Gruginskie Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil
  • Bernardo Sfredo Miorando Centro de Estudos em Educação Superior da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.
  • Maria Elly Herz Genro Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.24840/esc.vi61.432

Palavras-chave:

universidade pública, movimentos sociais, estudantes, subjetividade política

Resumo

Neste trabalho, analisamos depoimentos de estudantes de uma universidade pública brasileira para compreender como a participação em movimentos sociais potencializa subjetividades políticas na relação com a formação acadêmica. Exploramos as conexões que estudantes produzem entre saberes acadêmicos e saberes dos movimentos sociais ao desenvolverem suas subjetividades políticas para efetivar sua ação social. Utilizamos uma abordagem qualitativa, realizando entrevistas semiestruturadas com estudantes engajados/as em diferentes movimentos sociais (de mulheres, de negras//os, de LGBTs e de indígenas) e analisando o material resultante através do método de interpretação de sentidos. Identificamos núcleos de sentido que convergem para três categorias centrais: diversidade; diálogo; projeto comum. A articulação desses elementos levou-nos a compreender que revigorar a universidade pública a partir dos movimentos sociais envolve fortalecer seu caráter de espaço‑-tempo potencializador do diálogo que, em meio à diversidade, constrói formas consensuadas de negociar pautas coletivas que guiem uma ação social consequente no combate à desigualdade. Para ampliar os repertórios de interpretação das realidades sociais e da intervenção nelas, consideramos a tematização de conhecimentos sociais de humanização como recurso para formar subjetividades políticas democráticas.

 

Recebido: 8/5/2021

Aceite: 11/10/2021

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Almeida Filho, Naomar (2014). Nunca fomos Flexnerianos: Anisio Teixeira e a educacao superior em saude no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 30(12), 2531-2543. https://dx.doi.org/10.1590/0102-311xet011214

Arendt, Hannah (2008). A promessa da política. DIFEL.

Arendt, Hannah (2013). O que é política? Fragmentos das obras póstumas (11.a ed.). Bertrand Brasil.

Arroyo, Miguel (2003). Pedagogias em movimento: O que temos a aprender dos movimentos sociais? Currículo sem Fronteiras, 3(1), 28-49.

Bhattacharyya, Gargi, & Murji, Karim (2013). Introduction: Race critical public scholarship. Ethnic and Racial Studies, 36(9), 1359-1373. http://dx.doi.org/10.1080/01419870.2013.791399

Borren, Marieke (2017). The university as a battlefield: On democracy, protest and violence. Tydskrif vir Geesteswetenskappe, 57(1), 95-113. http://dx.doi.org/10.17159/2224-7912/2017/v57n1a8

Costa, Karine, & Costa, Fernando (2020, 17 setembro). Universidade trabalha para oferecer cotas em todos os PPGs no primeiro semestre de 2021. Jornal da Universidade. https://www.ufrgs.br/jornal/ufrgs-trabalha-para-oferecer-cotas-em-todos-os-ppgs-no-primeiro-semestre-de-2021/

Cunha, Teresa (2006). Justica cognitiva, identidades e diasporas. O Cabo dos Trabalhos: Revista Electrónica dos Programas de Mestrado e Doutoramento do CES/ FEUC/ FLUC, 1, 1-42. http://cabodostrabalhos.ces.uc.pt/n1/ensaios.php

Federici, Silvia (2019). O feminismo e a politica dos comuns. In Heloisa B. Hollanda (Org.), Pensamento feminista: Conceitos fundamentais (pp. 379-394). Bazar do Tempo.

Franco, Maria Estela, & Morosini, Marilia (2011). UFRGS: Da “universidade tecnica” a universidade inovadora. In Marilia Morosini (Org.), A universidade no Brasil: Concepções e modelos (2.a ed., pp. 81-96). Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira.

Fraser, Nancy (2009). Reenquadrando a justica em um mundo globalizado. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, 77, 11-39. https://doi.org/10.1590/S0102-64452009000200001

Freire, Paulo (1987). Pedagogia do oprimido (17.a ed.). Paz e Terra. (Publicado originalmente em 1968)

Freire, Paulo (2000). Pedagogia da indignação: Cartas pedagógicas e outros escritos. Unesp.

Genro, Maria Elly (2000). Movimentos sociais e universidade: Rupturas e inovações na construção da cidadania [Tese de doutoramento, Universidade Federal do Rio Grande do Sul]. Lume – Repositorio Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/200681

Genro, Maria Elly (2011). Educacao do sujeito politico na universidade. In Denise Leite, Maria Elly Genro, & Ana Braga (Orgs.), Inovação e pedagogia universitária (pp. 139-152). UFRGS.

Gil, Antonio C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social (6.a ed.). Atlas.

Gohn, Maria da Gloria (1994). Movimentos sociais e educação (2.a ed.). Cortez.

Gomes, Romeu (2012). Analise e interpretacao de dados de pesquisa qualitativa. In Maria Cecilia Minayo (Org.), Pesquisa social: Teoria, método e criatividade (31.a ed., pp. 79-108). Vozes.

Gruginskie, Claudete (2015). Universidade pública e sujeito político: Olhares dos estudantes engajados em movimentos sociais [Dissertacao de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul]. Lume – Repositorio Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. http://hdl.handle.net/10183/134799

Gruginskie, Claudete, Miorando, Bernardo, & Genro, Maria Elly (2018). Construindo a subjetividade politica: Contribuicoes para pensar a universidade como espaco de formacao. Educação em Perspectiva, 9(3), 734-739. https://dx.doi.org/10.22294/eduper/ppge/ufv.v9i3.1011

Jasper, James M. (2013). Las emociones y los movimientos sociales: Veinte anos de teoria e investigacion. Revista Latinoamericana de Estudios sobre Cuerpos, Emociones y Sociedad, 10(4), 46-66. http://www.relaces.com.ar/index.php/relaces/article/view/240

Leite, Denise (1990). Aprendizagem e consciência social na universidade [Tese de doutoramento nao publicada]. Faculdade de Educacao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Masa de Lucas, Olmo (2018). Tomalafacultad: El movimiento estudiantil madrileno de 2011 a 2015. Encrucijadas – Revista Crítica de Ciencias Sociales, 15, a1503. https://recyt.fecyt.es/index.php/encrucijadas/article/view/79140

Meyerhoff, Eli, & Thompsett, Fern (2017). Decolonizing study: Free universities in more-than-humanist accompliceships with Indigenous movements. Journal of Environmental Education, 48(4), 234-247. https://doi.org/10.1080/00958964.2017.1336975

Minayo, Maria Cecilia (2012). O desafio da pesquisa social. In Maria Cecilia Minayo (Org.), Pesquisa social: Teoria, método e criatividade (31.a ed., pp. 9-29). Vozes.

Novaes, Henrique T. (2012). Reatando um fio interrompido: A relação universidade-movimentos sociais na América latina. Expressao Popular.

Petrick, Kamilla (2015). Fast times in hallowed halls: Making time for activism in a culture of speed. Studies in Social Justice, 9(1), 70-85. https://doi.org/10.26522/ssj.v9i1.1148

Reyes, Paulina, & Lundstrom, Markus (2020). Researching otherwise? Autoethnographic notes on the 2013 Stockholm riots. Critical Sociology, 47(7-8), 1159-1170. https://doi.org/10.1177/0896920520978482

Saldana, Johnny (2009). The coding manual for qualitative researchers. SAGE.

Santos, Boaventura S. (1994). Pela mão de Alice: O social e o político na pós-modernidade. Edicoes Afrontamento.

Santos, Boaventura S. (2019). O fim do império cognitivo: A afirmação das epistemologias do Sul. Autentica Editora.

Scherer-Warren, Ilse (2006). Das mobilizacoes as redes de movimentos sociais. Sociedade e Estado, 21(1), 109-130. https://doi.org/10.1590/S0102-69922006000100007

Sguissardi, Valdemar (2011). Universidade no Brasil: Dos modelos classicos aos modelos de ocasiao? In Marilia Morosini (Org.), A universidade no Brasil: Concepções e modelos (2.a ed., pp. 275-289). Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira.

Soltis, Laura E. (2015). From freedom schools to freedom university: Liberatory education, interracial and intergenerational dialogue, and the undocumented student movement in the U.S. south. Souls: A Critical Journal of Black Politics, Culture, and Society, 17(1-2), 20-53. https://doi.org/10.1080/10999949.2015.998578

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. (2015). Relatório de autoavaliação UFRGS 2014. UFRGS. http://www.ufrgs.br/cpa/publicacoes/RAAI2014.pdf

Publicado

2022-03-21

Como Citar

Gruginskie, C. L. ., Miorando, B. S. ., & Genro, M. E. H. . (2022). Contribuições dos movimentos sociais para revigorar a universidade pública: A potencialização da subjetividade política. Educação, Sociedade & Culturas, (61), 31–50. https://doi.org/10.24840/esc.vi61.432